O promotor aposentado Octávio Verri Filho é o responsável por coordenar a programação de Celebração do dia do Voluntariado, comemorado dia 28 de agosto.
Voluntariado é ligado ao verbo servir com gratuidade de espírito e de alma ao outro ou a muitos outros. É o dom que todos possuem, uns o tem adormecido, outros em expansão, que se materializam na sociedade como serviços e obras.
Octávio Verri pediu para divulgar a razão do dia do Voluntariado. Um esforço de conscientização para que as pessoas se descubram no que elas têm de positivo e de melhor. E se esse melhor já está desvendado que deem mais energia realizadora, pensa ele, pensamos nós.
Inicialmente, o voluntariado induz à presença individual da pessoa, mas cada um agregando-se ao outro, o outro ao outro, há uma acumulação de energia boa, que só resulta em prática de desprendimento, que beneficia muita gente.
O voluntariado seja individual, melhor que seja agregado, é o nome da humanidade na pessoa, que se movimenta para alterar o lugar do outro, passando por dentro dele, movendo as fibras de seu coração, e fazendo com que cada um se descubra irmão do outro.
O voluntariado assim, quando praticado, com aquele fervor de responsabilidade, fiada na fonte comum da vida, transparece com a suavidade e a leveza de quem descobriu na origem comum e no final de vida comum, o sentido real de viver e morrer.
O voluntariado apresenta nessa relação de doação da alma uma escola de si mesmo, pois, faz com que nos descubramos através do outro. Observando o outro, a sua deficiência física, a sua necessidade pessoal e social, a ânsia de infinito agasalhada no coração ou no espírito de qualquer ser humano, descobre-se que todos se igualam para enfrentar o caminho da vida. Caminhante, caminhemos.
Na prática do voluntariado a mão dada não se enfraquece pela retirada no outro da energia que ele tem. As mais significativas ligações de identidade dos seres humanos são invisíveis e são de troca contínua, em que ambos crescem humana e espiritualmente, apaziguando o coração e retirando de algum lugar do corpo, ou dele todo, a ânsia do sem-fim.
O voluntariado é aquela sucessão de atos, que a pessoa pratica, não esperando recompensa material ou espiritual, já que se material não existe, espiritual dispensa o querer, porque ela nasce naturalmente na gratidão do outro, mandando uma enxurrada de energia positiva.
Não é possível dissociar do voluntariado a prática da chamada filantropia, exercida por clubes de serviços, que possuem uma vertente anônima de ajuda e incentivo pessoal, quando não de ofertas e incentivos a serviços ou obras, que beneficiam comunidades inteiras.
Na experiência que retiro da relação de uma Fundação pública dedicada à ressocialização de pessoas condenadas e prisioneiras, com um clube de serviço — Rotary —, tendo por objeto cadeiras de rodas fabricadas em penitenciária, e que resultou, até, no Programa Andar, essa grata experiência sugere que se essa filantropia fosse mais ligada às políticas sociais e oficiais de redenção, ter-se-ia uma dimensão maia aproximada da justiça social.
Na verdade, voluntariado está ligado aos clubes de serviços de forma agregada, com a variação de outras vertentes fins, mas que tem sim essa vertente de desprendimento, como prática.
O dr. Octávio Verri, já premia a cultura, com a invenção de sua Plataforma, que apresenta o mosaico gigante que relaciona obras literárias (2000 livros), locais e regionais (135 cidades), que constituem verdadeiras fotografias da sociedade do tempo passado ou presente, com a impulsão ora do espírito desbravador, ora do drama pessoal ou local, e com a geografia estampando a forma da exploração da terra. Esse trabalho que é muito mais do que o do simples colecionador, faz emergir costumes, alimentação, princípios e a cultura daquele momento, um verdadeiro garimpo para pesquisadores e estudiosos, preocupados em conhecer a intimidade desse Brasil real, simplesmente desigual, simplesmente injusto.
Na intimidade desses escritos achados, eis que Verri pinça para si a necessidade de levar a todos o que descobre como a tarefa atual de estar no mundo, semeando a solidariedade, que os defensores da vitória narcisista do individualismo querem destruir, chegando à Constituição que representa a cristalização ética e jurídica desse solidarismo.
Viver com a prática da solidariedade, que está no cerne da ação do voluntariado, representa a opção por um rumo, uma razão de ser, não deixando espaço a qualquer discurso de ódio. É um ponto de avanço civilizatório. É um dizer permanente — estamos juntos.