Agora, ele quer vender as praias brasileiras. É o ministro da economia, o Paulo Guedes, aluno da Escola neoliberal de Chicago, que esteve muito próximo daquele general Pinochet, lá no Chile, e que se arvora no redentor do Brasil, prometendo salvá-lo e fazê-lo grande, desde que ele seja desossado.
Ele aplica o dinheiro dele, que não é pouco, grande financista, lá no exterior, porque a confiança dele no país periclita mesmo tendo sido ele eleito como posto Ipiranga do governo, centralizando tantas pastas, mas vendo dezenas de colaboradores seus deixá-lo, deixando-o fazer as vezes de frentista do tal posto. O patrimônio público, acumulado em anos de sacrifício do povo brasileiro, esteve e está sob a égide da pressa apressada, para cumprir a missão nada patriótica da alienação rápida, e quando se quer vender rápido já se sabe que o preço é muito menor.
Mesmo quem não é economista sabe que é quase impossível desenvolver-se comercialmente dependendo somente do dinheiro do agiota. Assim mesmo tem acontecido, ente os órgãos dominados pelo império, que favorecem de tempos em tempos o crédito, para ele ser aproveitado sem cautelas mínimas, e eis que de repente a dívida torna-se impagável, descontrola a economia interna, o país devedor não tem em regra condições de sair dessa armadilha, e torna-se vítima de todas as pressões.
Portanto, o nosso mascate da atualidade, defensor e arauto do neoliberalismo autoritário, não concebeu políticas públicas de redenção, para propiciar poupança interna, única capaz de sustentar um desenvolvimento nacional, diz autônomo, não se esquecendo a peculiaridade da conexão forte com o mercado internacional, especialmente com a globalização financeira.
Mas, para se chegar a essa concepção o Estado, livre e soberano, a autoridade sobre seus territórios é insubstituível, não só sobre as praias. E se a agricultura é insuperável, a expansão industrial deve ser razão e fruto dessa expansão.
Mas a responsabilidade de nossas elites, civis, empresariais e militares, parecem ignorar o tamanho e a diversidade de nosso território, com a multiplicidade de problemas, desenhado pela desigualdade social, que gera a contradição do país que pode alimentar o mundo, com a exuberância de sua agricultura, mas é incapaz de matar a fome de sua população.
Se cada brasileiro fizesse uma pergunta, como essa – o que é desigualdade social? – a resposta começaria com nosso histórico e secular passivo social que recusamos assumir para uma autêntica organização de um Estado, incentivador de políticas sociais, com a sociedade civil e a organização do capital e das finanças como esferas complementares e necessárias de um verdadeiro programa de desenvolvimento.
Nós bendizemos o ponto em que chegou o nosso agronegócio. Particularmente, lamenta-se que ele não tenha feito justiça às pesquisas que o levaram ao caminho dessa expansão de autoria dos homens e mulheres da Embrapa, que precisa desse reconhecimento, desse prestígio e dessa valorização, e ainda para que um país corresponda às necessidades de sua reorganização soberana é preciso de indústria, que desde 1980 está emagrecendo, emagrecendo.
O discurso de imposto único, assim como a pregação verborrágica do Estado que precisa ser tirado do cangote do povo, é uma pregação até irresponsável, pois não está instruído pela realidade rica em diversidade de um Brasil imenso, na extensão do território e nas suas riquezas insondáveis, e fundamentalmente nas suas necessidades sociais. No fundo, o debate é entre o chamado Estado mínimo, que não existe no mundo, e o Estado de bem-estar, que no caso do Brasil está celebrado no solidarismo da Constituição de 1988, que está sob ataque permanente do neo-liberalismo.
Assim, a pregação da venda do território nacional, como essa nada original invenção ministerial, faz com que esse país no qual nada falta de luz, água, vento e tudo mais, e que pode alimentar o mundo não consiga alimentar seu povo. Por quê?