A guerra é o auge da estupidez solta no homem. Os aprendizes ou fomentadores dela são os propagadores do ódio ou os professores da indústria bélica, e seu interesse geral em armar o que pode lícita ou ilicitamente ser armado.

Defender a paz não significa escolher um lado. A confusão propositada desse discurso constitui arte perversa de quem faz ou defende a guerra.

No caso de nosso país, a nossa Constituição, esse diploma da convivência social, que tentam fazê-lo um vespertino, apresenta seus princípios vigentes nas e para as relações internacionais, que estão escritos no seu artigo 4º: Independência nacional, II- prevalência dos direitos humanos, III- autodeterminação dos povos, IV- não intervenção, V- igualdade entre os Estados, VI- defesa da paz, VII- solução pacífica dos conflitos, VIII- repúdio ao terrorismo e ao racismo, IX- cooperação dos povos para o progresso da humanidade, X- concessão de asilo político.

E ainda em seu parágrafo único estabelece o compromisso de buscar a integração econômica, política e cultural dos povos da América Latina, “visando a formação de uma comunidade latino-americana de nações”. Essa ideia integrativa foi adotada mais de 30 anos depois que a delegação brasileira, através do deputado André Franco Montoro, apresentou sua tese no Congresso Internacional da Democracia Cristã, realizado em Nova Iorque, em 1953.

Vê-se, pois, que essa gramática pacifista constitui o ideário de cada cidadão ou cidadã brasileira, e seus políticos são obrigados a vivenciá-los e cumpri-los.

A pauta desses princípios, que deveriam com os outros, serem ministrados nas escolas, em todos os encontros pedagógicos em que aprenda o que é democracia e sua estrutura básica, para banir de vez o discurso do ódio que dominou a cena brasileira, por quatro fatídicos anos de um tsunami político-social-ideológico.

Portanto, nossos governantes devem ficar escravos de tais princípios, independentemente de saber a situação geopolítica do país, se tem exército moderno ou não, para levantar a voz contra a estupidez da guerra.

E o que acontece na Ucrânia tem força expansiva para uma guerra total, que ninguém deseja, porque ninguém sabe quem sobra, ou como sobra, para contar a história.

A guerra, que aparentemente duraria pouco, foi engrossando, e a indústria das armas, que não pode ficar sem uma, tal como está acontecendo, em território alheio ao da indústria norte-americana, com a terrível esperança de enfraquecer a poderosa Rússia, sobre a qual incidiram as sanções econômicas do ocidente, que não afetaram a economia russa.

Uma fenda na retaguarda ocidental pode ser um aviso do final da guerra.

O Presidente da França, Emmanuel Macron, encarnando o espírito do General Charles de Gaulle, ressuscita o espírito de dignidade nacional francesa, que o vitorioso General encarnava, para declarar ao mundo que a Europa não pode ficar escrava dos interesses econômicos e geopolíticos dos Estados Unidos. E, se havia esparsos movimentos de ruas, em vários países, que se põem na mesma linha, o fato é que o braço militar do império dominador é representado pela OTAN – Organização do Tratado do Atlântico Norte, um pacto militar e de cooperação econômica, política e cultural criado em 1949 sob a liderança dos Estados Unidos, que teve um igual instituído pelo pacto de Varsóvia (1955/1991), no auge da guerra fria e formado pela União das Repúblicas Soviéticas, já extinto e já extintas. A Rússia diz não aceitar a OTAN em suas fronteiras.

Essa declaração do mandatário francês é a melhor notícia para arrefecimento do espírito e das ações guerreiras, porque seguramente logo outros países europeus, que estão vivendo os efeitos deletérios da guerra, terão a mesma coragem de dizer essa verdade simples.

Mas a realidade é que o mundo não é mais unipolar, com a perda da hegemonia norte-americana, e como poderá ela suportar essa perda? Afinal, ela vive de pressões, de ameaças e de guerra.

O jornalista Pepe Escobar disse mais de uma vez que os norte-americanos não fazem segredo ou sigilo de que têm plano de ataque, até atômico, sem pré-aviso aos países considerados inimigos.