O holocausto nazista, que cumpria a diretriz da limpeza ética, sempre teve nosso repúdio ao lado de nossa solidariedade às vítimas, que somaram seis milhões de judeus. Essa estupidez trazia nela e com ela a ideia do expansionismo nazista, como o espaço vital.

O Estado de Israel sob a inspiração do movimento sionista, com todos os traços de uma direita arrogante, teve seu poder político assumido por ela, e sua história de barbárie oferece, como símbolo de violência, com estupros e mortes, o Massacre de Tantura, uma aldeia de pescadores, ocorrido nos dias 22 e 23 de maio de 1948, com cerco de quatro pontos. Esse episódio histórico já motivou um filme em 2022, com essa denominação.

Historicamente, essa direita governamental só aceita a disputa pelas armas, e jamais economizou violência, discriminação e humilhação, no trato diário com os palestinos. Eles foram expulsos de suas aldeias, sem assistir à destruição material de tudo que pudesse servir de lembrança e memória e força de incentivo à saudade e à vontade indômita de querer o retorno. A propósito, não é autorizado o retorno de palestinos.

Essa prática destrutiva foi confessada ao mundo, lá da tribuna da Assembleia Geral das Nações Unidas, há pouco tempo, quando discursou o Primeiro-Ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, animado pelo que acreditava ter assinado o esperado ajuste nas relações com a Arábia Saudita – que não existe – exibindo o novo mapa do Oriente, e nele já não existia mais o território da Palestina. Seguramente, se consumado o acordo anunciado, os palestinos, se discordassem, simplesmente ficariam isolados. A guerra, estúpida como toda guerra, arrebentou os laços de qualquer acordo.

Em 1948, a ONU mandou um representante para conhecer a realidade, mas ele não voltou para apresentar seu relatório, porque foi assassinado. Mas se a história ensanguentada tem mais de aproximadamente 50 anos, a provocação dos palestinos é diária e silenciosa. Uma delas é praticada por colonos que, calçados e com seus cachorros, invadem, frequentemente, os espaços sagrados da Mesquita Al-Aqsa. Gaza, um território linguiça que tem 40 quilômetros de comprimento e dez de largura, está permanentemente cercada por terra, água e ar, num controle absoluto, que agora é utilizado como instrumento de guerra. É uma prisão a céu aberto com uma população de dois milhões e trezentas mil pessoas, parte dela expulsa de outras regiões.

A discriminação dos palestinos, inclusive dos milhares que trabalham em Israel, é organicamente predisposta à “preparação das crianças e adolescentes para serem soldados e temerem os palestinos”. É a afirmação declarada da professora universitária da Universidade Hebraica de Jerusalém e da Universidade David Yellin Academic College of Education, ativista de direitos humanos, judia, que complementa o parágrafo de sua lição: “Esta educação compõe um projeto racista e colonial contra palestinos que sustentam Israel enquanto uma ‘etnocracia’, um Estado governado por um grupo”.

Nessa situação tumultuada, o Brasil não teve sua proposta vencida, no Conselho de Segurança, ao contrário do que noticia a imprensa. Na verdade, prevaleceu no sistema de votação o poder de veto. Assim, se um dos membros vetar a Resolução, ela não é aprovada, é rejeitada. O único país que a vetou foi os Estados Unidos, que ficou isolado. A propósito, essa posição de apoio norte-americano, praticamente, sempre foi a mesma, já que ela vigora desde a Assembleia Geral das Nações Unidas-ONU, em 14 de maio de 1948, quando foi feita a divisão da Palestina, criando-se dois estados, Israel e Palestina, mesmo com a discordância dos árabes. Essa Assembleia foi adiada duas vezes, para que os Estados Unidos pudessem “convencer” os países subdesenvolvidos com promessa de financiamentos ou ameaça de corte de financiamentos, se o voto não fosse favorável à pretendida criação dos dois Estados. Essa parceria é tão forte que nunca Israel cumpriu qualquer Resolução do Conselho de Segurança, concernente às relações com os palestinos.

A ONU consagrou o território palestino como ocupado. A comunidade mundial sempre considerou a ocupação como ato de violação do direito internacional. Com essa inconstitucionalidade concordava até os Estados Unidos, mas no ano de 2019, o governo Trump liberou o complementar alvará da barbárie.

Com a expansão territorial praticada por Israel, torna-se difícil a instalação de um Estado Palestino. O embaixador palestino na Inglaterra, quando perguntado sobre a maneira de resolver-se o conflito, respondeu singelamente: “aplicando-se o direito internacional”.